14 de dezembro de 2010

Actuação na Chegada do Círio de Aldeia Grande - 9 de Setembro 2010


Com tem vindo a ser habitual, a banda de música de Aldeia Grande, a 9 de Setembro, actuou na chegada do Círio de Aldeia Grande à sua terra.
Este ano o juiz era uma jovem pertencente também à nossa filarmónica, Carina Pedro.
O Círio de Aldeia Grande partiu para o lugar de Misericórdia a 7 de Setembro onde permaneceu até ao dia 9, dia do seu regresso.
Após a sua chegada, o Círio, actualmente com tractores enfeitados a rigor, deu três voltas à capela de Aldeia Grande enquanto a banda de música aguardava para tocar à sua passagem pelo largo onde se situa a Sede da Filarmónica e a Nossa Senhora da Misericórdia.
Finalizadas as tradicionais voltas à capela, o juiz (e alguns ajudantes) distribuía bolos pelo povo que assistia enquanto que a banda de música alegrava esta festa.
Além da banda de música não faltou o Gaiteiro que todos anos acompanha o Círio.
Foram finalizados estes festejos com a entrega da bandeira ao juiz que para o ano terá a seu cargo a realização destes festejos.


Como curiosidade …

Passo a descrever o Lugar de Misericórdia ….

O Lugar da Misericórdia situa-se a 2250 metros a nordeste da Moita dos Ferreiros – Lourinhã. Neste Lugar predomina a natureza com um grande valor paisagístico, histórico e ambiental.
Neste local de culto podemos encontrar o Santuário da Nossa senhora da Misericórdia que podemos encontrar em seu arredor, a casa do Ermitão, a casa dos círios, o recinto de festas, a esplanada, a Fonte do rastinho, um grande potencial de recursos hídricos e uma agradável zona de arvoredo onde existem alguns sobreiros centenários.


Os Círios ...
Ao Santuário da Nossa Senhora da Misericórdia acorreram desde tempos remotos 8 círios que percorriam grandes distâncias em devoção a Nossa Senhora em cumprimento de promessas antigas são eles: o círio de Vila de Chã, Círio de Casais Galegos, Círio de Aldeia Grande, Círio dos Penedos, Círio de Vila Verde, Círio da Labrugeira e por fim o Círio do Vilar que em peregrinação rumavam anualmente para aqui celebrar as festividades de Nossa Senhora, nos dias 7, 8 e 9 de Setembro de todos os anos, e em tempos houve também o Círio de Peniche que se deslocava em romaria a esta Senhora pela Páscoa do Divino Espírito Santo.
Hoje em dia com esforço, dedicação e por devoção são 5 os Círios que realizam estas peregrinações anualmente.
Esta tradição com cerca de 755 anos teve o seu inicio com o Círio dos Casais Galegos e Vila Chã, que, por razões de escassez de água para as suas sementeiras foram pedir auxilio a esta Senhora. Pensa-se que por volta de 1600, por influencia de uma epidemia fatal tenha surgido o Círio de Vila Verde e o Círio da Labrugeira. E Desde 1713 em cumprimento de promessa antiga, organiza-se o Círio de Aldeia Grande.
Durante Séculos a peregrinação realizada por estes 5 círios, era efectuada em junta de bois e carroças, percorrendo percursos bastantes atribulados demorando 1 dia e 3 ou 4 horas de viagem, 20 anos depois estes hábitos e costumes foram alterados efectuando-se agora por tractores agrícolas e carrinhas demorando sensivelmente 2horas de caminho.

In, misericórdia-mf.blogspot.com


Um artigo interessante sobre os Círios à Senhora da Misericórida

Os círios à Senhora da Misericórdia
Os círios à Senhora da Misericórdia (Moita dos Ferreiros) são dos mais antigos dos muitos que abundam na zona da Estremadura portuguesa.
Dizem que, em 1253, a região de Alenquer foi assolada por forte seca. A população pediu à Senhora da Misericórdia que intercedesse e lhes desse “da água que ela tinha sempre nos seus sagrados pés”.
A partir daí, todos os anos, por volta do dia 8 de Setembro, cai sempre alguma chuva nas aldeias de Alenquer devotas da Senhora da Misericórdia. Por isso, se deslocam em romagens,os círios, para virem agradecer à Senhora e buscar da sua luz. Os círios são movimentos de religiosidade popular, mais frequentes entre a península de Setúbal e o Cabo Mondego, incluídos principalmente no culto à Senhora que, com o cristianismo, se transformou no culto Mariano.
Entrevêem-se origem, festividades e cultos a deusas pagãs, deusas-mães, traduzidos em romarias, lendas, oferendas, loas, busca da luz contra o caos e da água fonte da vida. Os círios mantêm formas e conteúdos que se repetem, ano após ano, e revelam na sua aparente simplicidade dimensões complexas, não se sabendo já porquê nem quando foram adquiridas.
Os círios à Senhora da Misericórdia, sendo dos mais antigos, são os que apresentam fórmulas mais simples mas tão características desta religiosidade popular:
􀂃 Chegada sempre pela mesma ordem, no dia sete de Setembro durante a manhã, primeiro o círio da Labrugeira, e de Vila Verde, os quais participam na missa e na procissão da festa. Depois da procissão ninguém arreda pé enquanto não chegam os de Aldeia Grande, Casais Galegos e Vila Chã como se o dia não estivesse completo sem eles.
􀂃 Procissão no local de origem e junto do Santuário, sem a presença de pároco, com bandeira e guião ou estandarte, acompanhado pelo ritmo da gaita-de-foles. E se não há gaiteiro, a música é transmitida pela aparelhagem que segue num dos tractores (antigamente eram carros de bois ou carroças), mas sempre o som da gaita-de-foles, esse instrumento marca das nossas origens celtas.
􀂃 Três voltas às igrejas da freguesia de origem e três voltas ao santuário, tanto à chegada como à partida, sempre da direita para a esquerda, no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio. Exceptua-se o círio de Vila Chã, que dá três voltas ao Chafariz, relembrando, assim, a promessa inicial, a busca da água como elemento primordial da vida.
􀂃 Buscam a luz em círios de cera que, no caso da Senhora da Misericórdia, é representada pelas velas que são acesas durante a missa do respectivo círio, no dia oito de Setembro.
 Elegem, com um ano de antecedência, juízes, festeiros e mordomos, que são responsáveis pela guarda da bandeira e pela realização do próximo círio, seguindo as tradições. Há casos em que é uma família que, de século em século, vai mantendo a responsabilidade de organizar o círio como em Vila Verde dos Francos ou Aldeia Grande. Os círios à Senhora da Misericórdia não lançam loas mas, no momento da despedida, vêem-se as pessoas saudarem-se com carinho e já com saudades “até para o ano com a graça da Senhora da Misericórdia”.


In, Museu da Lourinhã, Boletim n.º 8 / Setembro 2008
Página 8 – Texto de Isabel Mateus

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